
Instituições públicas, especialmente aquelas que administram recursos vitais para o bem-estar dos cidadãos, devem pautar-se por princípios inegociáveis: transparência, eficiência e compromisso com o interesse coletivo. Infelizmente, a realidade do Instituto Municipal de Previdência (IMP) expõe o oposto: um modelo de gestão ultrapassado, marcado por práticas arcaicas e por uma estrutura que favoreceu a perpetuação de interesses privados em detrimento do bem público.
É inegável que o IMP sofreu, ao longo dos anos, com a má administração. Os episódios recentes falam por si: a necessidade da segregação de massa, para garantir a sustentabilidade do sistema; o afastamento do diretor executivo, acusado de corrupção e de favorecimento ilícito inclusive a um dos conselheiros; e, sobretudo, a constatação de que o Instituto, que deveria ser um pilar de segurança para os servidores, foi mantido orbitando em torno de um pequeno grupo de conselheiros vitalícios.
Não há como naturalizar ou tolerar a existência de conselhos vitalícios em pleno século XXI.
Essa é uma prática incompatível com os valores republicanos e com os princípios democráticos que devem reger a administração pública. Trata-se de uma verdadeira excrecência institucional: um mecanismo que cristaliza interesses privados, bloqueia a oxigenação da gestão e mina a confiança social na entidade responsável por zelar pelos direitos previdenciários de milhares de trabalhadores.
O caso do IMP evidencia, com clareza, a necessidade de uma profunda mudança. Mais do que substituir nomes, é indispensável alterar estruturas, estabelecer mandatos limitados, ampliar os mecanismos de controle social e garantir que a gestão seja exercida de forma transparente, técnica e responsável. Não se trata de uma perseguição pessoal ou política, mas de um imperativo ético e institucional.
A segregação de massa, controversa a princípio, foi acertada medida para corrigir rumos. O afastamento de dirigente envolvidos em suspeitas de corrupção, uma medida necessária conforme entendeu o Judiciário. No entanto, tais ações, por si só, são insuficientes se não acompanhadas da eliminação definitiva de práticas retrógradas, como os conselhos vitalícios, que servem apenas para perpetuar a estagnação.
Em uma sociedade moderna e democrática, não há lugar para feudos administrativos nem para cargos perpétuos.
A previdência municipal precisa ser um espaço de confiança, renovação e responsabilidade — nunca um refúgio para interesses particulares ou práticas opacas.
Cabe, portanto, ao poder público e à sociedade civil exigirem e promoverem a reforma estrutural do IMP, para que ele cumpra com dignidade sua missão institucional, resgatando a credibilidade e assegurando o direito de seus beneficiários.
Somente com essa mudança será possível transformar o Instituto de um símbolo de crise e desconfiança em um exemplo de gestão pública eficiente e republicana.
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