Má fé de derrotados

Edição 1873


Má fé de derrotados

Em qualquer sociedade democrática, a atuação política pressupõe responsabilidade, ética e um compromisso inegociável com o bem público. 

Espera-se, especialmente daqueles que se colocam na oposição, uma postura construtiva: fiscalizar, propor alternativas, apontar falhas e, acima de tudo, colaborar para que a vida das pessoas seja melhor, mesmo que a vitória eleitoral não tenha sido alcançada.

Infelizmente, nem todos os que transitam pela vida pública compreendem ou aceitam esse papel com a dignidade que ele exige. Ao contrário, há quem atue como se a sua única chance de visibilidade residisse na falência das instituições, na desordem social ou no agravamento dos problemas coletivos. É a lamentável prática política do “quanto pior, melhor”. Tais figuras, incapazes de conquistar espaço por meio de propostas sólidas, competência administrativa ou sensibilidade social, acabam optando por um caminho mais curto — e mais destrutivo: o de explorar e potencializar as dificuldades. Não raro, esses indivíduos passam a difundir discursos alarmistas, manipulando a opinião pública, plantando desconfiança nas instituições e, o que é pior, torcendo para que o caos se instale, como se a desgraça coletiva fosse uma escada para a sua ascensão pessoal.

Esse comportamento revela, de maneira cristalina, uma incapacidade profunda: a de vencer por méritos próprios. Ao invés de aprimorarem seus argumentos, de lapidarem projetos ou de buscarem novas formas de contribuir com a sociedade, optam por nivelar o debate político por baixo, reduzindo tudo — inclusive a si mesmos — à mediocridade das falsas polêmicas, das acusações vazias e do ruído sem substância.

A sociedade, no entanto, é cada vez mais atenta e crítica. O eleitor contemporâneo já não tolera a política feita apenas de espetáculo, ressentimento e oportunismo. Quer — e merece — representantes que entendam a oposição como instrumento democrático legítimo, mas responsável; que saibam ser críticos, sim, mas sem abandonar o compromisso com soluções reais para os desafios coletivos.

Em tempos em que o debate público é muitas vezes sequestrado pela desinformação e pela busca desenfreada por curtidas nas redes sociais, mais do que nunca é preciso resgatar o sentido nobre da política: servir ao bem comum. Os que preferem o caminho inverso, da destruição pela destruição, apenas reforçam a própria irrelevância e a sua incapacidade de construir algo digno de reconhecimento.

Ao fim, a história não costuma ser generosa com os que apostam no fracasso alheio para tentar justificar a própria incompetência.




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