Prefeitura debate diagnóstico socioterritorial 2025–2028 com organizações da sociedade civil

Em março de 2025, a Prefeitura de São José do Rio Pardo, por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Inclusão Social (SAIS), publicou o seu “Diagnóstico Socioterritorial 2025–2028”.
Este diagnóstico foi objeto de um amplo debate com a sociedade civil em reunião ocorrida nesta semana, quando a prefeitura, por meio da secretaria de Assistência e Inclusão Social convidou entidades da sociedade civil organizada ligadas ao setor para apresenta-lo e debate-lo.
Diferente de estudos que tratam o município como um todo, esse diagnóstico mapeia as especificidades dos diversos territórios – centro, bairros periféricos e zona rural – e identifica oportunidades e vulnerabilidades em cada um deles
1. Histórico e formação do município
Origem (1867): Doação de terras pelo coronel Antônio Marçal Nogueira de Barros e construção da capela de São José.
Elevação a vila (1885): Crescimento populacional impulsionado pela imigração após a abolição da escravatura.
Ramal férreo (1887): Construção do ramal de Rio Pardo, posteriormente integrado à Mogiana, favoreceu o escoamento do café.
Cidade Livre (1891): Primeiro município a proclamar a República localmente, sendo nomeado “Cidade Livre do Rio Pardo” por Américo Brasiliense, embora logo regressasse ao nome original.
2. O que é o “Diagnóstico Socioterritorial”?
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS, 2008), território é mais que delimitador geográfico: é palco de relações sociais, conflitos, laços de solidariedade e oferta (ou ausência) de políticas públicas.
O diagnóstico, portanto, associa atores e dados para tornar pública essa realidade local, evitando que o documento se restrinja a meros indicadores genéricos
3. Panorama territorial
Zona urbana x rural:
89% da população reside na área urbana, 11% na rural.
Agricultura (café, cebola, cana) permanece relevante, mas o setor de serviços responde por 58,9% do PIB municipal (2021).
Divisão por CRAS:
CRAS Cassucci: atende amplo conjunto de bairros e áreas rurais ao norte.
CRAS Central: engloba o Centro e vasta área rural adjacente.
CRAS Vale: cobre loteamentos e zona rural ao sul.
4. Vulnerabilidades e desafios sociais
O diagnóstico identifica seis dimensões de vulnerabilidade (IVCAD) para as famílias cadastradas no CadÚnico (13.890 pessoas):
Necessidade de Cuidados (NC): 44% das famílias têm crianças, idosos ou pessoas com deficiência sem adultos suficientes para assistência.
Desenvolvimento da Primeira Infância (DPI): 19,6% das crianças de 0–6 anos não estão matriculadas em creche ou pré-escola.
Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes (DCA): destaque para analfabetismo na faixa 10–17 anos e atraso escolar, com até 900 jovens fora da idade adequada para o ano letivo.
Trabalho e Qualificação de Adultos (TQA): mais de 50% das famílias não têm adultos formalmente ocupados ou com rendimento acima de um salário mínimo.
Disponibilidade de Recursos (DR): 74% das famílias recebem renda per capita inferior a R$ 218,00, mesmo com benefícios sociais.
Condições Habitacionais (CH): déficit em saneamento, moradias improvisadas e alto custo de aluguel ainda afetam parcela significativa da população.
5. Recomendações e próximas etapas
Integração de cadastros: atualizar o CadÚnico em tempo real com dados da Secretaria de Educação, visando reduzir DPI.
Programas de formação e qualificação: promover cursos e incentivos ao trabalho formal, enfrentando o déficit de qualificação (TQA).
Fortalecimento da rede socioassistencial: ampliar serviços de assistência domiciliar para idosos e pessoas com deficiência, hoje em planejamento.
Ações intersetoriais: saúde, educação e assistência social devem atuar de forma conjunta para reduzir mortalidade precoce de jovens e idosos, bem como o analfabetismo infantil e juvenil.
O Diagnóstico Socioterritorial 2025–2028 oferece um retrato detalhado da realidade rio-pardense, revelando desigualdades internas e orientando políticas públicas mais focalizadas.
A prefeitura faz um grande avanço ao tornar esses dados públicos e ao convidar técnicos, agentes e cidadãos a dialogarem e colaborarem na construção de soluções que promovam a equidade social em cada território de vivência.
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