A Oitava da Páscoaé o período que compreende entre o Domingo da Ressurreição e odomingo seguinte, o segundo domingo da Páscoa, ou domingo damisericórdia, ou ainda, domingo in albis, ou seja, oito dias em quecontinuamos a viver as alegrias pascais. Durante esses dias, podemoscontinuar desejando “Feliz Páscoa” a quem encontrarmos, e todasas missas devem ser solenes: com o hino de louvor, a sequênciapascal, o prefácio cantado e a Oração Eucarística I.

Ao longo dessasemana, é como se cada dia fosse o próprio Domingo de Páscoa; porisso, a alegria deve tomar conta de nós, e não deve haver espaçopara a tristeza. Os textos litúrgicos da missa focam na Ressurreiçãodo Senhor, e no próximo domingo celebraremos o Domingo daMisericórdia, encerrando a Oitava da Páscoa. Ainda viveremos pormais sete semanas o Tempo Pascal até Pentecostes.

Do mesmo modo queJesus enviou o Espírito Santo sobre os discípulos e eles partiramem missão, Ele também nos envia em missão nos dias de hoje, paraque anunciemos aos outros a alegria de servir o Ressuscitado. EsseEspírito será celebrado festivamente daqui a cinquenta dias, emPentecostes. A alegria deve acompanhar os discípulos de Jesus, poiseles devem alegrar aqueles que encontrarem.

Na verdade, aalegria é a marca do Ressuscitado. Todas as vezes que Jesus apareceapós a Ressurreição, Ele deseja a paz. Por isso, cada batizadodeve trazer consigo essa alegria e transmiti-la a quem encontrar.Bispos, sacerdotes, diáconos, seminaristas, religiosos e religiosasdevem ser alegres, pois escolheram servir mais de perto a CristoRessuscitado. Cada um deve ser feliz em sua vocação, pois o Senhornos chama para a felicidade, e não para a infelicidade.

Tomemos como exemploMaria Madalena, que foi ao túmulo ver o corpo de Jesus e, após oanjo lhe dizer que Ele havia ressuscitado como prometera, ela saiucorrendo ao encontro dos demais discípulos para anunciar a boanotícia. Maria Madalena torna-se a “apóstola dos apóstolos”, etambém nós somos chamados a ser portadores de boas notícias.Sejamos discípulos e missionários do Senhor, não apenas durante oTempo Pascal, mas todos os dias do ano.

Na celebração doSábado Santo, renovamos nossas promessas batismais e recebemos operdão dos pecados ao mergulharmos novamente nas águas do Batismo.O ato penitencial do Domingo de Páscoa, bem como durante a Oitavaaté o segundo domingo, é feito por aspersão, recordando que aságuas do Batismo nos regeneram. Mergulhados com Cristo, somospurificados de todo pecado.

A cor litúrgicadeste tempo é o branco, justamente por expressar a alegria que nosenvolve diante da Ressurreição de Jesus. Cristo venceu a morte eabriu para nós as portas da vida eterna. Assim como em todos osdomingos do ano, seria prudente que, sobretudo no Tempo Pascal,participássemos da missa dominical com mais fervor. A Páscoa estáno centro do calendário litúrgico. Participemos das celebraçõescom o coração cheio de alegria e confiança, deixando que o Senhornos envie para a missão no Domingo de Pentecostes.

Ao longo da Oitavada Páscoa e durante todo o Tempo Pascal, o Círio Pascal devepermanecer aceso. Ele representa a própria luz de Cristo, que veioiluminar as trevas. Com a morte de Jesus, as trevas pairavam sobre omundo, e Cristo Ressuscitado vem para iluminá-las. O Círio é acesono fogo novo da Vigília Pascal e entra solenemente na igreja comosímbolo da luz que dissipa as trevas. A Igreja quer continuariluminando o mundo com a luz de Cristo. Ao final do Tempo Pascal, noDomingo de Pentecostes, o Círio é apagado e passa a ser utilizadonas celebrações de Batismo, Primeira Eucaristia e Crismarecordando, que, movidos pelo Espírito Santo somos chamados a levaressa luz ao mundo.

O Tempo Pascal é umtempo oportuno para renovarmos nossa esperança no Senhor e,especialmente, na ressurreição dos mortos. Na Vigília Pascal,renovamos nossas promessas batismais e reafirmamos nossa fé naressurreição e na vida eterna. A ressurreição de Jesus nos ensinaque não se trata apenas de um cadáver que volta à vida, nem de umespírito que vaga por aí, mas de uma nova existência gloriosa: umdia entraremos na vida eterna com nosso corpo glorificado, alma eespírito, diante de Deus. Por isso, professamos no Credo: “Creiona ressurreição da carne”. Não existe uma “outra vida” aquina terra. Após esta passagem, viveremos eternamente ao lado de Deus.

A Oitava da Páscoae o Tempo Pascal como um todo são períodos de grande alegriaespiritual, em que sentimos a presença do Cristo Ressuscitado epercebemos que, por Sua ressurreição, fomos libertos do pecado. Aliturgia deste tempo nos envolve no mistério da remissão dospecados e do amor de Deus, com destaque para o início da Igrejaprimitiva. No segundo domingo, celebramos a Divina Misericórdia; noquarto, celebramos Cristo, o Bom Pastor (Dia mundial de oraçãopelas vocações), que nos acolhe e toma pela mão. Confiemosfirmemente na misericórdia de Deus e deixemo-nos contagiar por essaalegria divina.

Este é um tempopara que tomemos consciência de que somos discípulos missionáriosdo Senhor e assumamos, com seriedade, nosso Batismo. Assim como MariaMadalena, Maria Santíssima e os demais apóstolos, sejamosmensageiros da esperança. O Tempo Pascal nos convida a superar opecado e renovar a fé, caminhando com alegria ao encontro do Senhore contagiando os que estão ao nosso redor. Somos chamados também arenovar nosso sentido de pertença à comunidade: Cristo é a cabeça,e nós, os membros.

A Igreja prolonga acelebração da Páscoa por sete semanas, para que esse tempo degraças não fique restrito a um único domingo. Desejo a todos umafeliz e santa Páscoa, e recomendo que participemos ativamente dascelebrações deste tempo, iniciando com a Oitava da Páscoa ecolhendo todas as graças que Deus quer derramar sobre nós. Que essetempo nos motive a sermos portadores da Boa-Nova durante todo o ano.Verdadeiramente Cristo Ressuscitou, Aleluia! Cantai cristãos afinal,salve ó vitima pascal!

Orani João,Cardeal Tempesta, O. Cist.

ArcebispoMetropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ