Fernanda Ferreira
Transtornos de personalidade

Olá, queridos leitores! Venho hoje falar um pouquinho com vocês sobre transtornos de personalidade
Você já teve a sensação de que está sempre em conflito com os outros, que suas reações são mais intensas do que as das pessoas ao seu redor, ou que certos padrões se repetem em seus relacionamentos, mesmo que você tente mudar?
Muitas vezes, isso pode ser confundido com estresse, traumas ou momentos difíceis.
Mas, em alguns casos, pode estar relacionado a um transtorno de personalidade.
O que são transtornos de personalidade?
Transtornos de personalidade são padrões persistentes de pensamento, sentimento e comportamento que diferem significativamente do esperado na cultura da pessoa.
Esses padrões costumam ser inflexíveis, começam na adolescência ou início da vida adulta e afetam negativamente o funcionamento social, profissional e emocional.
Esses transtornos estão classificados tanto pelo CID-11 (Classificação Internacional de Doenças) quanto pelo DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).
Principais tipos de transtornos de personalidade segundo o dsm-5
O DSM-5 os organiza em três grupos (clusters):
1 – Comportamentos estranhos ou excêntricos:
- Transtorno Paranoide – Desconfiança e suspeita excessiva dos outros;
- Transtorno Esquizoide Desinteresse por relações sociais, tendência ao isolamento;
- Transtorno Esquizotípico – Pensamento mágico, comportamentos excêntricos e dificuldades sociais.
2 – Comportamentos dramáticos, emocionais ou imprevisíveis:
- Transtorno Antissocial – Desrespeito pelas regras e pelos direitos dos outros, impulsividade;
- Transtorno Borderline (limítrofe) – Instabilidade nas emoções, autoimagem e relacionamentos; medo intenso de abandono;
- Transtorno Histriônico – Necessidade constante de atenção, comportamentos dramáticos;
- Transtorno Narcisista – Sentimento de grandiosidade, necessidade de admiração e pouca empatia;
3 – Comportamentos ansiosos ou de medo excessivo:
- Transtorno Esquivo (ou Evitativo) – Sensibilidade à rejeição, inibição social;
- Transtorno Dependente – Necessidade excessiva de ser cuidado, dificuldade de tomar decisões sozinho;
- Transtorno Obsessivo-Compulsivo de Personalidade – Preocupação com ordem, perfeccionismo e controle (diferente do TOC clássico).
Diagnóstico e CID
No CID-11, os transtornos de personalidade são classificados sob o código 6D10, com especificações para o tipo predominante (ex: tipo borderline, antissocial, esquivo).
Já o DSM-5 traz critérios específicos para cada transtorno, e o diagnóstico deve ser feito por um profissional capacitado, com base em entrevistas clínicas, histórico de vida e observação do funcionamento global da pessoa.
E na vida real, como identificar?
Nem toda instabilidade emocional significa transtorno de personalidade. É importante diferenciar:
Confusão emocional é passageira, geralmente associada a eventos da vida (como um término, luto ou estresse no trabalho).
Transtornos de personalidade envolvem padrões rígidos, duradouros e disfuncionais, que causam sofrimento significativo e prejuízos.
Sinais de alerta:
- Relacionamentos sempre conturbados;
- Dificuldade constante em manter empregos ou compromissos;
- Sensação de vazio ou raiva frequente sem motivo claro;
- Comportamentos autodestrutivos;
- Incapacidade de lidar com frustrações ou críticas.
Tratamento: existe caminho!
Sim! O tratamento é possível e traz grandes avanços na qualidade de vida do paciente.
Abordagens mais eficazes:
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) – Ajuda a identificar padrões de pensamento disfuncionais;
- Terapia Dialética-Comportamental (TDC) – Muito eficaz para o transtorno borderline;
- Psicoterapia Analítica ou de apoio – Dependendo do caso e da adesão.
Em alguns casos, medicações podem ser indicadas para ajudar a controlar sintomas como ansiedade, impulsividade e depressão.
Conclusão
Transtornos de personalidade ainda são cercados de estigma e confusão.
Mas é essencial lembrar: não é frescura, não é drama e não é falta de caráter.
É uma condição mental que precisa de cuidado, apoio e tratamento.
Não falamos em “cura” porque não é algo que se apaga totalmente.
Mas falamos sim em “REABILITAÇÃO PSICOLÓGICA” e evolução real.
Com tempo, vínculo terapêutico e compromisso com o processo, a transformação é absolutamente possível.
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