Beleza que cega: riscos oftalmológicos do uso exagerado de maquiagem

Jornal DEMOCRATA
Beleza que cega: riscos oftalmológicos do uso exagerado de maquiagem Cílios postiços sendo aplicados / internet

É inegável o papel da maquiagem como ferramenta de autoestima, expressão e até mesmo identidade para muitas mulheres. 

Realçar os olhos com máscara para cílios, delineadores, sombras e lápis faz parte da rotina de milhões de brasileiras. No entanto, poucos se dão conta de que o uso excessivo, ou incorreto, desses produtos pode causar sérios danos à saúde ocular.

A região dos olhos é extremamente sensível. As pálpebras têm glândulas que produzem a camada lipídica das lágrimas, essencial para manter a superfície ocular lubrificada e protegida. 

Quando produtos cosméticos obstruem essas glândulas ou provocam reações alérgicas, o resultado pode ser desconforto, vermelhidão, inflamação e até infecções. 

Muitas mulheres acabam em consultórios oftalmológicos com queixas de olho seco, ardência ou lacrimejamento crônico não imaginam que o problema esteja relacionado ao delineador que usam diariamente ou ao hábito de não remover a maquiagem antes de dormir.

Um dos problemas mais comuns é a blefarite, inflamação das margens das pálpebras causada pelo acúmulo de resíduos. 

Máscaras para cílios vencidas ou mal removidas também podem favorecer a proliferação de bactérias e fungos, provocando infecções como terçol ou conjuntivite. 

Outro fator preocupante é o compartilhamento de produtos de maquiagem, especialmente lápis de olho e rímel, que pode facilitar o contágio de doenças oculares infecciosas.

O uso de cílios postiços e colas também merece atenção. 

Certos tipos de cola contêm substâncias químicas irritantes ou alergênicas, capazes de desencadear quadros severos de conjuntivite química. 

Já os cílios artificiais podem comprometer a lubrificação dos olhos ao interferirem no fechamento natural das pálpebras durante o sono, além de aumentarem a retenção de partículas e poeira na região ocular.

Além disso, muitas mulheres aplicam lápis na linha d’água dos olhos — uma prática que, embora esteticamente popular, representa um risco real à saúde ocular. 

Essa linha marca justamente o local de saída das glândulas de Meibômio, responsáveis por estabilizar a lágrima. 

Ao tamponar essa área com cosméticos, há um desequilíbrio na produção lacrimal, favorecendo o surgimento da síndrome do olho seco.

É fundamental também estar atenta à validade dos produtos. 

Cosméticos vencidos podem alterar sua composição química e gerar reações adversas. 

Do mesmo modo, pincéis e aplicadores devem ser higienizados com frequência para evitar a contaminação cruzada.

A recomendação é prudência e cautela no uso de maquiagem. 

Isso inclui optar por produtos hipoalergênicos, remover completamente a maquiagem antes de dormir, evitar dormir com lentes de contato e, sempre que possível, dar intervalos para que a pele e os olhos possam respirar. 

É igualmente importante realizar consultas oftalmológicas regulares, especialmente se houver sintomas persistentes como coceira, ardência, visão borrada ou sensação de areia nos olhos.

A beleza dos olhos vai além do que se vê no espelho. 

Ela também está na saúde, no conforto e na capacidade de enxergar o mundo com nitidez. 

Cuidar dos olhos é um gesto de amor-próprio, tão essencial quanto qualquer ritual de beleza.




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