Fernanda Ferreira

Bullying: Um comportamento aprendido com efeitos duradouros


Bullying: Um comportamento aprendido com efeitos duradouros

Por Fernanda Ferreira da Silva – Psicóloga Analista do Comportamento

O bullying é uma forma de comportamento agressivo e repetitivo, que visa causar dor ou constrangimento à vítima. 

Embora muitas vezes negligenciado ou tratado como “brincadeira”, seus efeitos emocionais e comportamentais podem ser profundos e duradouros.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um em cada três adolescentes no mundo já foi vítima de bullying. 

O fenômeno afeta milhões de crianças e jovens todos os anos, podendo gerar sérias consequências como ansiedade, depressão, baixo rendimento escolar, evasão e até risco de suicídio.

Segundo a abordagem da Psicologia Comportamental, o bullying pode ser compreendido como um comportamento mantido por reforçamento social. 

Ou seja, quanto mais o agressor é reforçado (com risadas, atenção ou aceitação do grupo), mais provável é que ele repita o comportamento.

Sidney Bijou (1961), um dos pioneiros da análise do comportamento infantil, destaca que comportamentos inadequados persistem quando são reforçados pelas consequências no ambiente. No caso do bullying, a aceitação dos colegas ou a ausência de punição clara funcionam como reforçadores.

Já B.F. Skinner, fundador da Análise do Comportamento, afirmou que “o comportamento é moldado por suas consequências” – o que significa que intervenções eficazes precisam modificar os reforçadores que mantêm o bullying ativo, seja no ambiente escolar, familiar ou digital.

Além disso, como aponta Kazdin (2001), comportamentos agressivos podem ser aprendidos por modelação. 

Ou seja, a criança que presencia agressões verbais, violência doméstica ou rejeição constante pode internalizar esses padrões como formas válidas de interação social.

Efeitos do bullying na saúde mental e no desenvolvimento

As vítimas de bullying costumam apresentar:

Transtornos de ansiedade e sintomas depressivos

Sentimentos de vergonha, inadequação e culpa

Rebaixamento da autoestima

Comprometimento no desempenho escolar

Comportamentos de evitação ou isolamento social

Pensamentos autodestrutivos

Estudos da OMS também mostram que o bullying na infância aumenta significativamente o risco de transtornos mentais na vida adulta, inclusive comportamentos suicidas.

Prevenção e intervenção eficaz

Na perspectiva da Análise do Comportamento, é fundamental trabalhar:

O reforçamento positivo de comportamentos pro-sociais

A extinção dos reforçadores sociais ao comportamento agressivo

A modelagem de empatia e respeito às diferenças

O envolvimento ativo da família e da escola na promoção de um ambiente acolhedor

Como destaca Cooper, Heron e Heward (2007), para que haja mudança real no comportamento, o ambiente precisa oferecer contingências consistentes e reforçadoras para respostas desejáveis – nesse caso, o respeito, a empatia e a cooperação.

Conclusão: Um compromisso coletivo

O combate ao bullying não é tarefa apenas da escola ou da vítima. 

É responsabilidade da sociedade como um todo. 

É preciso promover ambientes educativos que valorizem o diálogo, a empatia e a diversidade, reforçando comportamentos positivos e intervindo com firmeza diante da agressividade.

Que possamos ensinar nossas crianças, desde cedo, que todos têm o direito de ser quem são — e que respeitar o outro é também uma forma de cuidar de si mesmo.

Referências utilizadas:

Skinner, B.F. (1953). Science and Human Behavior.

Bijou, S. W. (1961). Behavior analysis of child development.

Kazdin, A. E. (2001). Behavior Modification in Applied Settings.

Cooper, J. O., Heron, T. E., & Heward, W. L. (2007). Applied Behavior Analysis.

Organização Mundial da Saúde – Relatório Global de Saúde Escolar.




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