Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Solenidade de Pentecostes


Solenidade de Pentecostes

A Igreja conclui o Tempo Pascal com a solenidade de Pentecostes. 

O Espírito Santo é o fruto da paixão morte e ressurreição do Senhor Jesus. Ele morreu entregando na cruz o Espírito e, no mesmo Espírito, foi ressuscitado pelo Pai. 

Agora, plenificado por esse Espírito, derramou-o e derrama-o sobre a Igreja e sobre toda a criação.

Pentecostes era uma das grandes festas judaicas; muitos israelitas iam nesses dias em peregrinação a Jerusalém, para adorar a Deus no Templo. 

A origem da festa remontava a uma antiquíssima celebração em que se davam graças a Deus pela safra do ano, em vésperas de ser colhida. 

Depois acrescentou-se a essa comemoração, que se celebrava cinquenta dias depois da Páscoa, a da promulgação da Lei dada por Deus no monte Sinai. 

Por desígnio divino, a colheita material que os judeus festejavam com tanto júbilo converteu-se, na Nova Aliança, numa festa de imensa alegria: a vinda do Espírito Santo com todos os seus dons e frutos.

Por ser Espírito do Cristo, ele nos une ao Senhor Jesus, dando-nos a sua própria vida, como a cabeça dá vida ao corpo e o tronco dá vida aos ramos. 

É no Espírito que Cristo habita realmente em nós desde o nosso batismo, e faz crescer sua presença em nós em cada Eucaristia, quando comungamos o corpo e o sangue daquele Senhor, que é pleno do Espírito. 

Só no Espírito podemos dizer que Cristo permanece em nós e nós permanecemos nele; só no Espírito podemos dizer que já não somos nós que vivemos, mas Cristo vive em nós, com seus sentimentos, suas atitudes e sua entrega ao Pai. 

Por isso, somente no Santo Espírito nossa vida pode ser vida em Cristo, vida de santidade.

O Espírito, além de agir em cada cristão, age na comunidade como um todo, edificando a Igreja, fazendo-a sempre corpo de Cristo. 

Antes de tudo, ele vivifica a Igreja com a vida do Ressuscitado, incorporando sempre nela novos membros, fazendo-a crescer mais na plenitude de Cristo. 

Depois, ele suscita incontáveis ministérios, carismas e dons, desde os mais simples, como até aqueles mais vistosos ou mais estáveis, como os ministérios ordenados: os Bispos, padres e diáconos.

 É o Espírito que mantém esta variedade em harmonia e unidade, para que tudo e todos contribuam para a edificação do corpo de Cristo, que é a Igreja.

 Assim, é no Espírito que surge e ressurge sempre a vida religiosa, com tantos carismas diferentes, é no Espírito que os mártires testemunham Cristo até a morte, é no Espírito que se exerce a caridade, se visita os enfermos, se consola os sofredores, se aconselha, se socorre os pobres, se prega o Evangelho… enfim, é no Espírito que a Igreja vive, cresce e respira!

A vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes não foi um acontecimento isolado na vida da Igreja. 

O Paráclito santifica-a continuamente, como também santifica cada alma, através das inúmeras inspirações que se escondem em “todos os atrativos, movimentos, censuras e remorsos interiores, luzes e conhecimentos que Deus produz em nós, prevenindo o nosso coração com as suas bênçãos, pelo seu cuidado e amor paternal, a fim de nos despertar, mover, estimular para o amor celestial, para as boas resoluções, para tudo aquilo que, numa palavra, nos conduz à nossa vida eterna. 

A sua ação na alma é suave e aprazível; Ele vem salvar, curar, iluminar,” (São Francisco de Sales).

No dia de Pentecostes, os Apóstolos foram robustecidos na sua missão de anunciarem a Boa Nova a todos os povos. Todos os cristãos têm desde então a missão de anunciar, de cantar as maravilhas que Deus fez no seu Filho e em todos aqueles que crêem n’Ele. 

Somos agora um povo santo para publicar as grandezas d’Aquele que nos tirou das trevas para a sua luz admirável.

O Espírito Santo nos conduz à vida de oração. A vida cristã requer um diálogo constante com Deus Uno e Trino, e é a essa intimidade que o Espírito Santo nos conduz. 

Acostumemo-nos a procurar o convívio com o Espírito Santo, que é quem nos há de santificar; a confiar n’Ele, a pedir a sua ajuda, a senti-lo perto de nós. Assim se irá dilatando o nosso pobre coração, teremos mais ânsias de amar a Deus e, por Ele, a todas as criaturas.

O Espírito Santo é simbolizado tanto pelo fogo – “o fogo simboliza a energia transformadora do Espírito Santo” (Cat. 696) – como pela água, que significa “o nascimento e a fecundidade da vida dada no Espírito Santo” (Id.). 

Nós experimentamos a água e o fogo, ao mesmo tempo. Nascemos da água e do Espírito no momento do nosso Batismo (cf. Jo 3,5), a partir daí o Espírito Santo começa umas ações muito especiais em nós que vai transformando-nos mais e mais. 

São Basílio também nos fala da importância de estar com o Espírito Santo, de que o Espírito Santo esteja em nós: “Por estarmos em comunhão com ele, o Espírito Santo, torna-nos espirituais, recoloca-nos no Paraíso, reconduz-nos ao Reino dos céus e à adoção filial, dá-nos a confiança de chamarmos Deus de Pai e de participarmos na graça de Cristo, de sermos chamados filhos da luz e de termos parte na vida eterna” (“Sobre o Espírito Santo”, 15,36, in Cat. 736).

Dessa maneira, solenidade de Pentecostes é a festa da unidade porque a obra da reunificação foi projetada pelo Pai, realizada em Cristo e atualizada pelo poder do Espírito Santo. 

Assim como o Espírito Santo, na intimidade da Trindade, é o “lugar” de encontro do Pai e do Filho, o Espírito Santo é quem nos une a Cristo. 

A salvação consiste, segundo S. Agostinho, em ser unidos ao Corpo de Cristo (cfr. In Ioann tract. 52, n.6; PL 35,1771) pela ação do Espírito Santo através da Palavra e dos Sacramentos.


Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ



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