Blogueiro segue usando notícias policiais como alavanca para ataques políticos

Entre postagens em redes sociais e notas oficiais, o blogueiro ligado à Polícia Militar, Guilherme Burger, viralizou na semana passada ao afirmar que o prefeito Márcio Zanetti teria firmado um “acordo político” com a tradicional família Torres.
Em contraste, o grupo de comunicação da família Torres e o próprio Burger, em outra publicação, negaram qualquer entendimento comercial ou partidário.
Que não houve qualquer alinhamento é fato apurado. Por que Burger inventou e soltou a fake News é coisa que ainda não se esclareceu.
A seguir, o que se sabe sobre a discussão e as motivações por trás das versões conflitantes.
1. A POSTAGEM INICIAL
No dia 2 de junho de 2025, Burger compartilhou uma mensagem com o título:
“MÁRCIO ZANETTI FECHA ACORDO COM A FAMÍLIA TORRES E CONSOLIDA ALIANÇA COM VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO”
Segundo a versão inventada por Burger, Zanetti teria se reconciliado com Lupercio, Silvio e Henrique Torres — outrora criticados com o bordão “os coronéis” — e passaria a contar com o apoio do jornal Gazeta do Rio Pardo e da Rádio Difusora FM. A publicação apontava a estratégia como forma de isolar o vereador Alexandre Tosini (Cidadania) e fortalecer a base aliada do prefeito.
2. REPÚDIO DA FAMÍLIA TORRES
Em resposta imediata, a direção da Gazeta do Rio Pardo e da Rádio Difusora FM divulgou Nota de Esclarecimento Pública, na qual:
Desmentiu categórica e formalmente qualquer “aliança política eleitoral” com a prefeitura ou com Márcio Zanetti.
Elegeu a publicação de Burger como “inverídica” e “sensacionalista”, sem apuração jornalística junto à família.
Reafirmou compromisso histórico (desde 1909) com a liberdade editorial, a pluralidade de ideias e a democracia, independentemente do gestor em exercício.
Destacou que a veiculação de campanhas públicas e anúncios de utilidade pública não caracteriza conchavo político, mas sim prestação de serviço à comunidade.
3. O SEGUNDO ESCLARECIMENTO DE BURGER
Poucas horas após a retratação da família Torres, o próprio Guilherme Burger publicou novo texto comunicando o encerramento da parceria com o “Grupo Amigos do Rio Pardo” (Gazeta, Difusora FM e Cidade Livre FM). Segundo ele:
A decisão teria sido unilateral, visando preservar a “independência política” e a “liberdade de manifestação”.
Burger alegou que, por respeito ao público, não retransmitiria mais o “Jornal do Meio Dia” nem forneceria conteúdo para a página policial da Gazeta.
Manteve a crítica à absurda aproximação comercial entre os veículos e a Prefeitura, sem, contudo, apresentar qualquer evidência.
4. MOTIVAÇÃO E IMPACTO
Especialistas em mídia ouvidos pelo DEMOCRATA (e que preferiram manter seus nomes no anonimato por medo de represálias) apontam que Burger faz uso consciente de sua exclusividade em divulgar notícias policiais em primeira mão — construindo audiência e influência entre leitores que buscam informações imediatas sobre segurança pública. Com esse público cativo, ele direciona narrativas políticas, lançando suspeitas e fake news para atacar politicamente o prefeito, seu desafeto pessoal.
Na presente controvérsia, a alegação de “investimento” ou “apoio político” da família Torres ao governo municipal não foi reconhecida por qualquer dos envolvidos: nem pelo prefeito Márcio Zanetti, nem pelo grupo Torres, tampouco por Burger em seus esclarecimentos subsequentes.
O episódio ilustra como a velocidade da internet pode servir tanto para informar com rapidez quanto para propagar informações falsas.
Enquanto Burguer capitaliza sua posição de fonte policial exclusiva para ampliar alcance, veículos tradicionais reforçam a importância da verificação rigorosa e do compromisso ético.
Em meio a essa disputa, cabe ao leitor manter senso crítico, buscar múltiplas fontes e distinguir relatos jornalísticos de manifestações opinativas, sob risco de consumir conteúdo enviesado ou inverídico, como mais este divulgado por Burger.
Burger foi candidato a vereador pelo grupo político da família Torres, ligado à esquerda, quando obteve 79 votos, sendo derrotado nas urnas.
Fornecia material de notícias policiais para as empresas de mídia da família, segundo ele gratuitamente. Agora, com o rompimento, deixará de fornecer, mostrando que notícias da polícia militar são como que um ativo pessoal, não divulgação de utilidade pública.
Como o vereador Alexandre Tosini, o Xandão, foi mencionado na postagem inicial do blogueiro, foi ouvido pelo jornal e negou veementemente qualquer vínculo, profissional ou político com a pessoa de Guilherme Burger.
O prefeito Marcio Zanetti não foi encontrado para comentar o caso até o fechamento desta edição.
Vale dizer Burger recentemente já foi condenado por divulgar fake News - como pode ver-se clicando-se AQUI.
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